30 de abril de 2012

Amigos Improváveis

Filme - Amigos Improváveis « Trailers - Estreias de Cinema

"Há uma certa tendência para a crítica venerar tudo o que de europeu vai aparecendo num circuito mais comercial de cinema. Seja pela suposta intelectualidade dos filmes ou por quebrarem com os moldes dos filmes de Hollywood, a verdade é que esses filmes são habitualmente colocados num pedestal por razões que nada se prendem com a sua qualidade. Quando surgem filmes realmente bons, não se distinguem, injustamente, dos outros, levando a uma certa desconfiança do público. Intouchables é um óptimo filme que, infelizmente, vai ser apenas ‘mais um filme europeu.’
Como o título em português dá a entender, este é um filme baseado numa história real, que mostra a amizade improvável entre dois homens bastante distintos. Por um lado, temos Driss, um homem pobre e desempregado, aparentemente a típica pessoa de um gueto; por outro, Philippe, um homem rico que ficou paraplégico depois de um acidente e necessita de cuidados muito especiais. Conhecem-se numa entrevista de emprego a que Driss foi apenas para poder receber subsídio de desemprego e acabou por ficar, contra todas as expectativas, a cuidar de Philippe. Todo o filme gira em volta da relação entre os dois, algo mais do que suficiente para preencher as quase duas horas de filme.
Dada a sua natureza, Intouchables é, sem dúvida, um filme de cariz dramático, tendo em conta toda a situação não só de Philippe, que vive uma vida muito condicionada, mas também de Driss, que tem todos os problemas normalmente associados a uma pessoa de um bairro pobre. No entanto, o filme consegue dar a volta a um ambiente pesado, utilizando muito, e bem, a comédia. Há um balanço perfeito entre o humor e o drama, não ridicularizando a situação, sem também lhe retirar a seriedade que tem de ter.
As personagens principais são, obviamente, as interpretadas por François Cluzet (e que interpretação!) e Omar Sy, mas nem por isso se pode deixar de dar destaque às restantes. Tanto as personagens que vivem com Philippe – Yvonne e Magalie, por exemplo – como as que fazem parte da vida de Driss têm algum contexto e tempo para se desenvolverem ao longo do filme. Ainda que a relação entre as personagens principais seja mais do que suficiente para preencher o filme, é importante a presença de outras personagens secundárias com um relativo interesse para não haver um certo desgaste, que seria natural.
Aquilo que de mais questionável há em Intouchables é a forma como a adaptação de uma história real foi feita. No filme, Philippe cria uma amizade com Driss, um homem negro de um bairro pobre. Esta personagem representa Abdel Yasmin Sellou, um árabe que ajudou Philippe Pozzo di Borgo, de uma forma algo diferente da original. No entanto, são questões que em nada influenciam a qualidade do filme.
Intouchables é um filme bastante bom, sem que isso esteja relacionado com a sua origem. Há um estilo europeu, mais simples do que o típico filme americano, mas o filme não é bom ou mau com base no sítio onde foi feito. À primeira vista pode parecer uma história muito usada de amizades improváveis e o trailer não contribui muito para mudar de opinião, mas a verdade é que Intouchables é tudo menos comum. A história de Philippe e Driss é, realmente, algo de especial."- Artes e factos!

Li aqui http://arte-factos.net/2012/03/26/intouchables/ e era incapaz de descrever melhor!!!

Resta-me dizer que foi para mim o melhor filme que vi nos últimos tempos!!!

1 comentário:

nicoleto disse...

O cinema que se tem feito na Europa é, sem dúvida, mais "asséptico" que muito do que vem dos USA. Há maior amor ao cinema do que o comercialismo de Hollyood. Por essa razão, W Allen se deslocalizou. Creio que a proporção da qualidade entre um lado e outro está na razão inversa, a favor da Europa. Uma incondicional dos cahiers... ...
Sem esquecer as excelentes e honrosas excepções amaricanas.